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| Imagem: freepik |
A Automob Participações S.A. (AMOB3) consolidou-se como o
maior grupo de concessionárias de veículos do Brasil, integrando o ecossistema
do Grupo Simpar (SIMH3). Suas raízes remontam à década de 1990, com a aquisição
da primeira concessionária Volkswagen pela Transportadora Júlio Simões em 1995.
Ao longo do tempo, o grupo diversificou seu portfólio, incorporando marcas de
veículos leves, caminhões, máquinas e equipamentos.
Em 2021, a companhia adotou uma estratégia agressiva de
consolidação, realizando dez aquisições estratégicas, incluindo a entrada no
segmento de luxo com a Autostar. Essa movimentação fez o faturamento saltar de
R$ 700 milhões em 2020 para R$ 10,4 bilhões em 2023.
Em setembro de 2024, ocorreu uma reestruturação societária
por meio de um spinoff da Vamos (VAMO3), separando as operações de locação de
veículos pesados das atividades de concessionárias e varejo automotivo, dando
origem à Automob como empresa independente. Após o processo, a Simpar passou a
deter 71,75% do capital da nova companhia.
A estreia na B3 aconteceu em 16 de dezembro de 2024, no
segmento Novo Mercado, tornando-se a primeira concessionária listada na bolsa
brasileira. No dia de abertura, as ações valorizaram-se mais de 200%, com
cotação inicial entre R$ 0,15 e R$ 0,20.
Modelos de Negócios e Operações
Atualmente, a Automob atua com 188 lojas distribuídas em 12
estados e 22 cidades, representando 35 marcas. Seu modelo de negócio é pautado
em crescimento orgânico e inorgânico, aposta no mercado de seminovos inspirado
no modelo americano, integração de processos e oferta de mesa única de
seminovos, além de prover serviços financeiros.
No exercício de 2024, a companhia reportou receita de R$
12,24 bilhões e um EBITDA projetado de R$ 418 milhões.
Desempenho Recente e Movimentações em 2025
Volatilidade e Penny Stock
Apesar da forte valorização na estreia, as ações acumularam
queda de 23% ao longo de 2025, sendo negociadas abaixo de R$ 1, situação que
caracteriza penny stock e gerou notificação da B3.
Grupamento de Ações
Em abril de 2025, foi aprovado o grupamento de ações na
proporção de 50:1, mantendo o capital social em R$ 2,5 bilhões. O objetivo foi
elevar o preço unitário dos papéis e melhorar sua liquidez. Após o grupamento,
a cotação ajustada ficou em R$ 11,19 (maio/2025). A XP Investimentos manteve
recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 17 até 2026.
Rentabilidade das Ações
Em 12/11/2025, a rentabilidade acumulada das ações, ajustada
pelo grupamento, apresentou:
|
Período |
Rentabilidade |
|
12 meses |
-46% |
|
6 meses |
-6% |
Esses resultados refletem a forte desvalorização desde o
pico pós-IPO e a manutenção da pressão vendedora durante o ano.
Resultados Financeiros Recentes
|
Trimestre |
Prejuízo Líquido (R$
mi) |
Receita Líquida (R$
bi) |
Observação |
|
4T24 |
101 |
3,206 |
Resultado
financeiro negativo de R$ 121 mi |
|
1T25 |
35,3 |
— |
Ampliação da perda |
|
2T25 |
38,7 |
— |
Deterioração
operacional |
|
3T25 |
166,6 |
3,5 |
Maior prejuízo do ano;
reversão de lucro de R$ 12,6 mi (3T24) |
O lucro anual de 2024 caiu 77% em relação a 2023, apesar do
aumento de 28,7% na receita. O resultado do 3T25, divulgado em 12/11/2025,
reflete os efeitos dos juros altos e da baixa liquidez, com média diária
negociada de R$ 6 milhões.
Movimentação Acionária
Em outubro de 2025, o fundo estrangeiro Equinox aumentou sua
participação para 5,21%, sinalizando confiança com foco no longo prazo.
Múltiplos de Mercado (12/11/2025)
|
Indicador |
Valor |
|
P/L |
-1,51 |
|
P/VP |
0,23 |
|
DY |
0,00% |
|
Payout |
0,00% |
O P/L negativo decorre do prejuízo acumulado nos últimos 12
meses. O P/VP menor que 1 indica negociação das ações com desconto em relação
ao patrimônio líquido. DY e payout zerados refletem ausência de distribuição de
dividendos, prática comum em empresas em fase de reestruturação ou que
registram perdas.
Análise Crítica e Perspectivas
Opinião do Autor
Segundo o autor do texto, ele não compraria AMOB3. Os
fundamentos são considerados frágeis, não justificando nem operações de swing
trade nem estratégias de longo prazo (buy and hold). A companhia apresenta
baixa capacidade estratégica para alavancar produção, opera com margens
reduzidas, ROE negativo e alta dependência do ciclo automotivo em um contexto
de juros elevados. O desconto no P/VP é visto como uma armadilha de valor, e
não como uma oportunidade genuína.
Riscos e Potencial
Analistas apontam possibilidade de consolidação em um setor
ainda fragmentado no Brasil, mas alertam para margens operacionais baixas, ROE
negativo (-6%) e elevada sensibilidade a juros e ao ciclo automotivo. Assim, a
Automob é considerada uma aposta de valor com viés especulativo, indicada
principalmente para investidores com perfil de longo prazo e alta tolerância à
volatilidade.
Aviso Legal
Esta análise não constitui uma recomendação de compra ou venda de ativos. As informações apresentadas são apenas para fins informativos, e me isento de qualquer responsabilidade por decisões de investimento relacionadas aos ativos mencionados.

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